Lembro de ter gostado mais de Chicago quando vi da primeira vez. Gostei pra caramba, gostar de chamar de obra-prima. Mas o trabalho foi decrescendo no meu conceito de uns tempos pra cá. E não que eu esteja dizendo que ele não envelheceu bem. O que explica é que eu já vi tantas vezes Chicago que o filme não é tão charmoso como foi da primeira vez. Não é mais tão mágico. E, mesmo assim, uma revisão não deixa de ser precisa. Por outro lado, a beleza visual do filme só tende a me impactar mais e mais com o passar do tempo. Não sei se foi porque da primeira vez vi na telinha, mas, enfim, só sei que Chicago, de umas revisões pra cá, veio me maravilhando cada vez mais no quesito beleza. Em consequência, ele não se sustenta em uma revisão.
O longa é o mais recente musical a vencer o Oscar de Melhor Filme, e conquistou uma porrada de prêmios fora o principal na mesma noite, incluindo Atriz Coadjuvante para a Catherine Zeta-Jones e outras condecorações técnicas (do tipo Direção de Arte, Figurino... Essas coisas de musical). Ainda não vi O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, mas pra mim o Oscar naquele ano deveria ir a O Pianista, mas eu ficaria igualmente contente se fosse para ou As Horas ou Gangues de Nova York, mas Chicago foi uma vitória O.K., e justa.
Estreia do diretor de TV Rob Marshall (que nos trabalhos seguintes não obteve o mesmo sucesso de Chicago) no cinema, Chicago obteve uma grande aclamação por parte da crítica e de público. E não me estranha em nada tal sucesso. Chicago é um musical bastante especial. Tem certas imperfeições mas é com certeza um trabalho cinematográfico de primeira.
A começar pelo elenco triunfal, que estrela Renée Zellweger na pele da iludida Roxie Hart, Catherine Zeta-Jones como Velma Kelly, Queen Latifah como a carcereira Mama Morton, Richard Gere como o advogado Billy Flynn, e por aí vai. E como um elenco esforçado e talentoso ajuda, e em muito, num musical, hein? O que seria de Chicago sem esse elenco fenomenal, liderado pela Renée Zellweger numa performance de ouro.
Chicago esbanja em seu universo colorido e atrações musicais simplesmente divinas uma visão moral da vida que, ainda supérflua, sai ilesa. Afinal, como todo bom musical, Chicago é exagerado, elétrico e lotado de clichês. O gênero é praticamente composto dessa receita exótica.
Por outro espectro, Chicago funciona como um espetáculo inventivo e que foi feito para o entretenimento. As coreografias sincronizadas, os passos malucos, o timing meticuloso, os repertórios acalentadores... O jazz! Ah, o jazz! Meu amigo, jazz e ritmo são duas coisas que não faltam em Chicago. É contagiante.
A historinha de crime, ódio, redenção, devoção e loucura passada na Chicago dos anos 20 é o motor da trama contrapontada de Chicago, cidade onde os crimes alimentam o imaginário da vida comum, que é capaz de transformar uma dama qualquer que sonha alto numa celebridade. Interessante descobrir que o material original, peça, foi desenvolvido como crítica ao showbiz. Chicago, entre outras, é um baita de um filme. Curioso, tocante, encantador, frenético... Ah, frenético! Se tem algo que não falta em Chicago é frenesi... E paixão à vida.
P.S.: Foi com esse filme que eu me apaixonei pelo jazz.
P.S.: Foi com esse filme que eu me apaixonei pelo jazz.
Chicago
dir. Rob Marshall - ★★★★★
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