Nestes últimos dias, acumulei tanto filme pra criticar que estou perdido tentando organizá-los aqui no blog. Enfim, acho que ainda falta falar sobre Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada, Longe Dela, O Impossível, O Segredo de Brokeback Mountain, Em Busca do Ouro, O Vencedor... Tô esquecendo de algum? Bem, vamos falar de Trapaceiros que depois eu vejo isso. Nesse ano vou tentar ver de vez os filmes que ainda faltam ver da filmografia do querido Woody Allen, e rever outros que estão desandados na minha memória.
Trapaceiros era o último filme que faltava ver do ciclo anos 2000 do cineasta. Consegui uma cópia em DVD e tive de me contentar com o áudio dublado, a única opção da cópia. Quando eu tiver uma brecha, vou tentar rever legendado na internet (Trapaceiros está na Netflix), ainda que ver o filme dublado não tenha sido uma experiência tão desagradável quanto eu pensava que seria.
Trapaceiros era o último filme que faltava ver do ciclo anos 2000 do cineasta. Consegui uma cópia em DVD e tive de me contentar com o áudio dublado, a única opção da cópia. Quando eu tiver uma brecha, vou tentar rever legendado na internet (Trapaceiros está na Netflix), ainda que ver o filme dublado não tenha sido uma experiência tão desagradável quanto eu pensava que seria.
Nesta comédia, Woody Allen faz um lavador de pratos que também tem um pé no crime e que já ficou detrás das grades por um tempo. É aí que Ray Winkler tem uma ideia (quase) genial: roubar um banco através de um túnel. Para o projeto, Ray, com a ajuda da estressada mulher Frenchy (Tracey Ullman), aluga um estabelecimento frente ao banco, com a intenção de cavar um túnel e chegar até um cofre no local. Para o espanto de todos, o "negócio temporário" da Frenchy, que trabalharia por um tempo cozinhando e vendendo biscoitos para não chamar a atenção enquanto o plano do roubo engatinhava, tem mais sucesso que o tal plano do furto ao banco.
Há quem diga que o final adiantado de Trapaceiros seja incômodo, mas é a partir da surpreendente reviravolta que se dá à altura dos quarenta ou trinta minutos de filme que o filme começa. Dá pra perceber claramente que Trapaceiros foi idealizado como uma comédia, pura e genuína, como aquelas primeiras do diretor, que tanto contribuíram para o sucesso entre a crítica e o público e levaram o nome do então comediante às telonas. Falando nisso, se há alguma semelhança entre Trapaceiros e outro trabalho do diretor, diria que este faz um par perfeito com Um Assaltante Bem Trapalhão, onde Woody fazia um ladrão e se metia nas mais incrivelmente cômicas situações.
Só pra brincar, um filme que funciona brilhantemente ao inverso de Trapaceiros, tanto na questão do gênero e da própria trama, é Blue Jasmine, que filma uma dondoca de Nova Iorque empobrecendo e indo à loucura com a mudança para a casa da irmã em São Francisco. Aqui, Woody explora a história de um casal de pobretões que faz fortuna. O cineasta está ao lado de Tracey Ullman. Os dois encarnam marido e mulher que, mesmo após saírem da pior, continuam incessantemente em pé de guerra, entre tapas e beijos.
A crítica de Woody à high society é benéfica apesar da superficialidade, que realmente nem importa muito aqui. Oferece um contraponto ao humor e ao mesmo tempo o ajuda. A lista de personagens é pra lá de criativa e estimulante. Acho que a decepção foi mesmo pelo personagem do Woody. Muito embora ele mostre um pouco dos seus dotes como ladrão lá perto do final na cena do roubo à joia e também um pouco durante as tentativas de perfuração no subsolo do negócio de Frenchie, gostaria de ter visto mais da persona criminosa dele. Acho que ele até tentou no filme que sucede Trapaceiros, O Escorpião de Jade, onde o personagem dele é um detetive particular que é hipnotizado e passa a, inconscientemente, roubar para um enigmático ilusionista. Também tem Igual a Tudo na Vida, onde ele faz um professor "psicótico" que tem repúdio a antissemitas.
As performances da Tracey e do Woody são formidáveis. Os dois conseguem sustentar os personagens e a trama do filme, bem como a comédia exalada, com perfeição, em especial a Tracey, que já havia trabalhado com Woody em Balas sobre a Broadway, mas não como protagonista. Acho que o Woody aqui se encaixa mais como coadjuvante do que propriamente como personagem central. A Ullman foi indicada ao Globo de Ouro pelo seu papel aqui. Merecia uma indicação ao Oscar, na minha humilde opinião, se bem que 2000 foi um ano impressionantemente bom para atrizes principais, no geral.
Trapaceiros é um trabalho bastante despretensioso, e que não deve ser levado a sério. Se a crítica captou bem e aceitou esse filme do Woody, fez errado ao enlamar as produções que seguiriam esta, que também são comédias leves e no mais despretensiosas, mas que foram seguidamente rejeitadas, tanto pela crítica quanto pelo público, o que é deplorável.
Eu pareço normal, mas gargalhei em Trapaceiros. Gargalhei mesmo. Não sei se é porque sou besta e costumo ir além no quesito rir de piadas-de-sorriso-de-canto-de-boca, mas gargalhei pra caramba, e dá pra se satisfazer com o conteúdo cômico aqui apresentado. A personagem Frenchy (Frances Fox-Winkler, por Tracey Ullman), por exemplo, lembra sutilmente do Stanley de Magia ao Luar. Ambos são tão parecidos comicamente falando. Dá até do personagem do Woody (risos), que vive sendo rebatido pela Frenchy, de veia sarcástica salteada. A cena inicial é um bom exemplo. A protagonista chega a ser até identificável com algumas figuras da vida real, com seu jeito escandaloso e desbocado.
Trapaceiros é aquele tipo de filme que a gente nunca quer ver acabar. É um trabalho muito especial vindo do Woody. Pode ser até menor, mas é excelentemente engraçado e bem-feito. O elenco, primoroso. A fotografia de Zhao Fei, chinês que trabalhou com Woody no anterior a este Poucas e Boas e no seguinte, O Escorpião de Jade, também merece destaque (puxa, queria eu ser pobre em Nova Iorque, e assistir àquele sublime espetáculo ao pôr-do-sol - que vida, que vida!). A construção da trama é delicada e a fermentação dos personagens é aguçada. Woody recheia Trapaceiros com ironia, humor escrachado, diálogos hilários e sempre brilhantes. Resumindo, não dá pra reclamar, ou até pedir mais. Trapaceiros é maravilhoso e ponto final.
Trapaceiros (Small Time Crooks)
dir. Woody Allen - ★★★★
As performances da Tracey e do Woody são formidáveis. Os dois conseguem sustentar os personagens e a trama do filme, bem como a comédia exalada, com perfeição, em especial a Tracey, que já havia trabalhado com Woody em Balas sobre a Broadway, mas não como protagonista. Acho que o Woody aqui se encaixa mais como coadjuvante do que propriamente como personagem central. A Ullman foi indicada ao Globo de Ouro pelo seu papel aqui. Merecia uma indicação ao Oscar, na minha humilde opinião, se bem que 2000 foi um ano impressionantemente bom para atrizes principais, no geral.
Trapaceiros é um trabalho bastante despretensioso, e que não deve ser levado a sério. Se a crítica captou bem e aceitou esse filme do Woody, fez errado ao enlamar as produções que seguiriam esta, que também são comédias leves e no mais despretensiosas, mas que foram seguidamente rejeitadas, tanto pela crítica quanto pelo público, o que é deplorável.
Eu pareço normal, mas gargalhei em Trapaceiros. Gargalhei mesmo. Não sei se é porque sou besta e costumo ir além no quesito rir de piadas-de-sorriso-de-canto-de-boca, mas gargalhei pra caramba, e dá pra se satisfazer com o conteúdo cômico aqui apresentado. A personagem Frenchy (Frances Fox-Winkler, por Tracey Ullman), por exemplo, lembra sutilmente do Stanley de Magia ao Luar. Ambos são tão parecidos comicamente falando. Dá até do personagem do Woody (risos), que vive sendo rebatido pela Frenchy, de veia sarcástica salteada. A cena inicial é um bom exemplo. A protagonista chega a ser até identificável com algumas figuras da vida real, com seu jeito escandaloso e desbocado.
Trapaceiros é aquele tipo de filme que a gente nunca quer ver acabar. É um trabalho muito especial vindo do Woody. Pode ser até menor, mas é excelentemente engraçado e bem-feito. O elenco, primoroso. A fotografia de Zhao Fei, chinês que trabalhou com Woody no anterior a este Poucas e Boas e no seguinte, O Escorpião de Jade, também merece destaque (puxa, queria eu ser pobre em Nova Iorque, e assistir àquele sublime espetáculo ao pôr-do-sol - que vida, que vida!). A construção da trama é delicada e a fermentação dos personagens é aguçada. Woody recheia Trapaceiros com ironia, humor escrachado, diálogos hilários e sempre brilhantes. Resumindo, não dá pra reclamar, ou até pedir mais. Trapaceiros é maravilhoso e ponto final.
Trapaceiros (Small Time Crooks)
dir. Woody Allen - ★★★★
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