sábado, 26 de setembro de 2015

Crítica: "EVERESTE" (2015) - ★★★


Um dos filmes mais falados e esperados do Festival de Veneza 2015 era esse Evereste, que, para a minha felicidade, chegou bem adiantado aos cinemas nacionais do que o normal. O filme já tinha despertado por lá certa dúvida quando teve uma aclamação dividida da crítica. E, agora, não estranho tanto tal recepção meio calorosa meio gelada, pois o filme soma mesmo qualidades e defeitos. As qualidades (por pouco) prevalecem. Embora o roteiro seja fraco e a duração um pouco fadigosa, Evereste sacrifica a nossa surpresa, mas a adrenalina vai lá em cima, e seu primor técnico é fabuloso. 

Em 1996, um grupo de aventureiros se reuniu com o objetivo de escalar o monte Evereste, grupo liderado por Rob Hall, cuja esposa estava grávida na época. E o papel de líder lhe cai bem, juntamente ao heroico poderio, à primeira vista meio desagradável, mas que vai, aos poucos, ganhando a confiança do espectador. Seu ator, Jason Clarke, também faz de seu personagem um escudo autêntico e imbatível, e seu nome mais uma vez brilha em um elenco com tantas estrelas, entre elas Jake Gyllenhaal (achei que ele apareceria mais), Keira Knightley, Emily Watson, Josh Brolin (um ótimo coadjuvante) entre outros. 

A lista de reclamações que vão contra Evereste é grande. Eu mesmo vi muita gente chutando a poltrona depois que o filme acabou, usando como desculpa esfarrapada o tédio. Se tal acusação diz respeito a duração, não tenho o que negar. Embora seja um retrato duplo, multifacetado, dessa jornada, Evereste, em duas horas, vai além da dimensão da história e comete alguns erros que não caem bem para ele, erros que contribuíram para o meu alarde final, aquele de ficar roendo as unhas, esfregando o chão com o sapato e pulando na poltrona. Também, quando se põe demais adrenalina num filme, as coisas podem sair um pouco do controle (isso sem querer danificar a importância de tal atributo para o desenvolvimento da película).

Um dos méritos de Evereste é a elaboração de um clima esmerado que vai despistando o público do ato final sem deixar quaisquer sinal de sua ironia. O cultivo da esperança no espectador também pode decepcionar muita gente com o tenebroso fim, que esperava deste final algo menos desastroso. Eu gostei disso no filme. Sua capacidade de nos iludir é algo que raramente é atribuído a um filme do gênero, e há tempos não vi uma química tão boa entre filme e final dentro dele. Vale mencionar e honrar a trilha sonora de Dario Marianelli, desoladora, a fotografia de Salvatore Totino, que recria com perfeição os ares do Monte Evereste, e a direção de arte que também contribui no mesmo ponto.

Evereste (Everest)
dir. Baltasar Kormákur - 

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