quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Crítica: "SHAUN, O CARNEIRO" (2015) - ★★★


Mesmo que não seja o melhor da produtora, dá pra matar a saudade com Shaun, o Carneiro, a (finalmente) adaptação cinematográfica da série homônima Shaun the Sheep que conquistou o mundo, e que trata-se de um divertidíssimo longa. Gosto da Aardman tanto quanto gosto da Pixar, só pra exemplificar a minha paixão pelas produções em geral (não só longas, mas também curtas como os de Wallace & Gromit e projetos de TV) que a animadora faz. O slow-motion é uma técnica que sempre me fascinou demais, e é um dos motivos para a minha adoração das animações que são produzidas através dessa técnica, que é especial e necessita de certos cuidados, delicadíssimos. O processo, no entanto, é o que mais me deixa boquiaberto, e exibe logo de cara a competência do estúdio Aardman. 

Gosto muito de A Fuga da Galinha, considerado por muitos o melhor filme da produtora. Mas eu gosto mais de Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais, pra mim sem dúvida o melhor filme deles. Esperava sim de Shaun, o Carneiro. Bem, eu acho que todo mundo esperava. E tem gente que vai gostar mesmo. O humor aqui é livre e funciona que é uma beleza (não pude conter algumas gargalhadas vendo o filme), mas de certa forma o filme poderia ter sido maior, afinal, é a produção cinematográfica do carneiro Shaun, que deve ter marcado a infância de muita gente e ainda é um ícone dos desenhos animados. Acaba muito rápido, tanto quanto um episódio do seriado, e isso conforta pra caramba, mas ao mesmo tempo reforça essa marca do longa de ser pequeno quando deveria ser algo grande, na minha opinião.

Vítima de um cotidiano enjoativo e pouco nutritivo, Shaun decide tirar férias junto com a sua turma, mas a ideia atrapalha praticamente tudo e causa a maior confusão. Um típico episódio da série praticamente. Talvez o que também atrapalha um pouco é a rasa originalidade da narração. Também não é melhor que Piratas Pirados, filme anterior à esse da Aardman. Achei engraçadinho, fofinho e bem atrativo, mas não tem o rosto de uma animação. Funcionou, mas o roteiro não passa disso. 

Achava que quem estava no comando do desenho era o Nick Park, quem criou o Wallace & Gromit e ganhou quatro Oscars, sendo três deles por curta de animação, Comfort Creatures, The Wrong Trousers e A Close Shave (sendo os dois últimos curtas do Wallace & Gromit) e um pela aclamada animação que também é a melhor do estúdio, A Batalha dos Vegetais. Na verdade, Park participa do projeto, mas só no elenco e como produtor executivo. Nick também dirigiu A Fuga das Galinhas, talvez o trabalho mais famoso deles, e premiado também. 

A criançada certamente vai se encantar com a fofura dos bichinhos e a comédia fácil e escrachada do filme que não deixa ninguém escapar. Até pode ser boba, mas não falha. E nesse quesito Shaun, o Carneiro obtém sucesso. Bem no fundo, é um filme para crianças. A seriedade e os simbolismos dos projetos antecessores pouco poderiam ser destinados ao público infantil, e se, do que eles entenderiam? E aqui, num puro e bom alerta, a Aardman opta pelo aleatório e faz um conteúdo mais apropriado para os pequeninos. Variar é preciso. 

Shaun, o Carneiro (Shaun, the Sheep)
dir. Mark Burton & Richard Starzak - ★★★

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