quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Crítica: "007 - CASSINO ROYALE" (2006) - ★★★★


Esse ano eu prometi pra mim mesmo que não perderia por nada 007 Contra Spectre nos cinemas, nem que isso me custasse comprar os ingressos antecipadamente com um dinheiro que nem tenho. Sou um eterno fã da franquia, que teve breve participação na abertura da minha cinefilia, sem falar nas várias conexões e a minha relação com os filmes do lendário agente, que já datam há muito tempo bem antes da minha pessoa assumir essa incessante e adorável obsessão cinematográfica chamada cinefilia. Por isso, rever 007 - Cassino Royale é mais que um inestimável prazer pra mim. 

O longa que introduziu Daniel Craig, em 2005, como o mais novo James Bond da franquia (o que despertou, na época, certa controversa em que reagiu tanto à entrada do jovem e até então quase desconhecido intérprete e a saída do Pierce Brosnan), reserva desesperadoras e excepcionais sequências de ação, um elenco empenhado, condução ímpar vinda de Martin Campbell, que já havia trabalhado como diretor anteriormente num outro filme da saga, 007 Contra GoldenEye, que é curiosamente o primeiro filme do Brosnan como Bond, lá em 95. Bem irônico esse diretor ter introduzido dois importantes Bonds, embora Craig seja infinitamente melhor que o Brosnan. O melhor desde, aposto, Roger Moore, e que definitivamente ingressa nessa lista dos top James Bond. 

Procurei muito pela primeira adaptação, a de 1967, estrelada pelo David Niven (o Woody Allen fez o papel de vilão nessa sátira), mas não achei. Dizem que é um filme bem meia-boca. Bem, se dizem, posso afirmar sem medo que é o contrário de Cassino Royale, um dos últimos melhores filmes do 007, apenas perdendo para 007 - Operação Skyfall (e, quem sabe, Spectre?). São muitas as razões. À procura de uma importante pista que lhe leve à detenção do "banqueiro" dos terroristas, James Bond embarca numa aventura que atravessa continentes, tendo início na África (a primeira sequência é de um primor inesquecível e de matar o fôlego), passando pela Bahamas e terminando num sangrento episódio cheio de altos e baixos no Montenegro, nos arredores do infame Cassino Royale. Nesse cenário de contrastes atenuados e riquíssimos entre adrenalina desoladora e desfecho conturbado, surge a enigmática figura de Vesper Lynd, a dama que roubou e mastigou cru o frio coração do Bond, num romance contagiante e repleto de crueldade e intrigas.

O roteiro, impecavelmente desenvolvido, e que tem cravado em seus créditos o nome de Paul Haggis, merece atenção por ter, além de tudo, pago o débito acumulado por tantos fracos trabalhos que decoraram medianamente a filmografia do 007, principalmente na década de 90 e no fim da de 80, épocas que eu creio o James Bond perdeu a sua popularidade. Pode-se dizer que 007 - Cassino Royale é a ressuscitação da saga, que só mesmo voltou à ativa depois de seu lançamento, com várias empresas correndo atrás da produtora EON para vender e promover propaganda envolvendo o agente britânico, e as bond girls também, lembro eu. Também, com a quantidade de dinheiro colocada no filme, e o dinheiro que foi recebido de volta, isso em cada produção desde esta, passando por 007 - Quantum of Solace e Skyfall que, além de sua retumbante qualidade, também é o filme mais sucessivo da história da franquia, o que auto-explica a grandeza dessa fase para a série. Sem falar que 007 Contra Spectre tornou-se o segundo filme mais caro da história do cinema, com o orçamento estimado em aproximadamente 300 milhões de dólares!

Entre umas e outras, dou ênfase ao minucioso olhar por cima das cenas de ação em Cassino Royale; o uso adequado de efeitos visuais em determinadas partes, ainda que pequeno; a maneira de como o filme depende desses segmentos para a sua elevação à obra; o interminável glamour da fotografia de Phil Méheux; a trilha sonora - em alguns momentos - esplêndida de David Arnold. Não vou encher mais o saco de vocês só metendo mais qualidade em Cassino Royale. Listo aqui, superficialmente, alguns dos fatores que me levaram à contemplar a película em sua mais completa arquitetura. E não vão pensando que me esqueci da Eva Green, candidata, tão cedo, a uma das melhores e maiores bond girls da série. Sua beleza, seu talento, sua icônica personagem. Tudo nela respira uma astronômica beleza. Linda é pouco para essa deusa, que se revelou neste papel nos cinemas. 

007 - Cassino Royale (Casino Royale)
dir. Martin Campbell - 

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