quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Crítica: "O ESCORPIÃO DE JADE" (2001) - ★★★★


Muito embora esse seja um dos filmes mais detestados de Woody, sem nem mesmo o próprio diretor tendo gostado dele, O Escorpião de Jade até que não é tão mal. De longe, é um dos melhorezinhos da fase anos 2000 do cineasta, ao lado de Vicky Cristina Barcelona, Match Point - Ponto Final, O Sonho de Cassandra, Trapaceiros e Melinda e Melinda, recentemente visto. Tá certo que o filme vem embutido com os clássicos clichês Alleianos até a tampa, mas, de verdade, não vejo nenhum motivo para não gostar do filme. É sofisticado, o resultado é o mix perfeito entre a comédia e o suspense, além do inteligente roteiro, ponto forte de sua filmografia, O Escorpião de Jade é sim sensacional. 

O filme tá dando sopa lá no Netflix. Corram enquanto ele não é descartado do catálogo. Tem muitos filmes do diretor por lá, como O Sonho de Cassandra, Para Roma com Amor, (o perdido) A OutraDesconstruindo Harry e Poucas e Boas, só pra citar alguns títulos. Digo isso porque ano passado perdi a chance de ver Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo* (*Mas Tinha Medo de Perguntar), que estava empoeirado na minha lista, e quando fui ver já tinha sumido (e olha que esse filme é difícil de achar na internet - estou aberto a sugestões, por favor). Por mim, a primeira série de Woody (que será disponibilizada pela Amazon, e cuja deu muita dor de cabeça e insatisfação ao diretor) que virá ao mundo ano que vem, poderia muito bem já ser canalizada pelo Netflix, só pra deixar as coisas menos complicadas pra quem não tem Amazon (eu), e tá doido pra ver a primeira série dele. 

Uma surpresa devidamente interessante esse O Escorpião de Jade. Lembra, em determinados aspectos, Tiros na Broadway, embora não seja melhor do que este, e também um pouco do delicioso Magia ao Luar, também nada mal. Já acumula pontos por ser um épico de Woody Allen, que raramente desaponta com o gênero nas mãos. E sempre sabemos que, na grande parte das vezes, esses épicos não ultrapassam a década de 40, e usualmente oscilam entre essa época e a década de 20, o que torna seus épicos mais familiares e menos dificultosos, para o cineasta, já que ele vivenciou de perto esses tempos. 

A história centra-se em C.W. Briggs, um detetive particular de Nova York que, após um jantar com amigos, participa ao lado de sua odiável colega de trabalho, com quem ele tem umas brigas engraçadas, de uma sessão de hipnose, onde eles são voluntários de um misterioso mágico. Após o truque, Briggs, toda noite, passa a receber a ligação desse mágico que passa a repetir o truque e o hipnotiza, fazendo-o furtar preciosas jóias para o Escorpião de Jade, um pequeno colar utilizado pelo mágico para a hipnotização.

A qualidade técnica de O Escorpião de Jade dá até gosto, e consequentemente mais razão ainda para adorá-lo. Estranho a direção de arte minuciosa e (sempre) bem-feita de Santo Loquasto (o mesmo de Zelig A Era do Rádio) não ter recebido uma indicação ao Oscar 2002, juntamente com os figurinos desenhados por Suzanne McCabe, e a fotografia de Zhao Fei, estavam fortemente pedindo indicações ao Oscar, ao mínimo, pelo menos, neste que é um dos filmes mais bem estruturadamente técnicos do cineasta. É em situações dessa espécie que vemos que nem sempre o prêmio está certo e escolhe direito seus indicados, assim como os vencedores, também. Mas é só uma estatueta banhada em ouro, não? Nem tem mais graça julgar as mil e umas injustiças dela. O triunfo visual de O Escorpião de Jade já soma vitórias ao longa.

O primor da comédia também torna inevitável a nossa apreciação. Em meio a títulos tão sombrios, cheios de crimes e dramas atordoantes, O Escorpião de Jade satisfaz muito o fã de Woody ainda que o diretor tenha se mostrado talentosíssimo encarnando seu lado Hitchcock-Dostoiévski. Enfim, O Escorpião de Jade também traz consigo um elenco elogiável e habilidoso, que vem com os nomes de Helen Hunt, Charlize Theron, Dan Akyroyd, Wallace Shawn e Brian Markinson. A sensação, no fim, é a de que Woody continua no comando e a essência de seus trabalhos é a mesma, marcante e sempre genial.

O Escorpião de Jade (The Curse of the Jade Scorpion)
dir. Woody Allen - 

Um comentário:

  1. Este filme me deixou pensando muito entre estes é a hipnose, que eu acho que é uma questão que não tem data de expiração para produções de cinema. Eu comecei a investigar o assunto e encontrei-me com uma série chamada O hipnotizador estrelado por Leonardo Sbaraglia que está em um grande desempenho. Altamente recomendado.

    ResponderExcluir