segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Crítica: "VELOZES E FURIOSOS 7" (2015) - ★★★


Muito provavelmente o melhor momento de Velozes e Furiosos 7, o mais recente longa da série, é a emocionante homenagem ao ator Paul Walker (isso por que mal mencionei as sequências de ação que exterminam por completo nosso fôlego), falecido em novembro de 2013 devido a um fatídico acidente automobilístico, notícia que arrasou o universo cinematográfico, estrela da franquia que a cada filme vem conquistando uma grandiosa legião de fãs e devotos. À minha exceção, é claro, sem querer ser grosso. O sucesso de Velozes e Furiosos é compreensível por uma série de fatores, já que o público é praticamente comprado pelas fracas, porém populares, referências e os atrativos que a ação de sua trama proporciona, além do investimento, um elenco (ao ver do público) charmoso e galanteador (não posso discordar disso quanto às coadjuvantes femininas, excepcionais)... Mas eu confesso que não gosto muito. E, apesar de ter ficado impressionado além da conta com Velozes e Furiosos 7, nunca acompanhei os lançamentos anteriores e sequer os vi, apesar da ciência de sua existência.

Desenvolvi essa antipatia muito cedo, quando ainda tinha uma certa frescura quanto às produções de ação, não tendo conciliado com o gênero o laço que hoje possuo, e por isso detestava logo de cara, criando um enorme ódio, irracional e ingênuo, por nada. Não compreendia o por que era um gênero tão conceituado entre o público mainstream. Só há pouco tempo, de uns três ou quatro anos pra cá, com o oficial surgimento da minha cinefilia, foi que passei a entender melhor os objetivos dos filmes de ação e apreciar melhor sua qualidade e seus efeitos, antes imperceptíveis quando ainda não passava de um espectador periódico. O problema é que peguei uma raiva hipócrita tão grande de Velozes e Furiosos sem ao menos ter visto um filme dele que até hoje penso duas vezes quando questionado sobre a série e/ou seus filmes. Vai entender. Felizmente, gostei de Velozes e Furiosos 7 mais do que minhas expectativas anunciavam. É envolvente, bem produzido, excitante, dotado de uma enorme bravura e furiosamente preenchido por uma interminável e saciante adrenalina. Mas, penso que a melhor palavra para descrever Velozes e Furiosos 7 como um todo é cativante. Simplesmente cativante.

No sétimo filme, que inicialmente encerraria a franquia, no entanto logo após o lançamento tal boato foi revertido com o anúncio da produção de Velozes e Furiosos 8, que virá aos cinemas em 2017, Deckard Shaw, impetuoso e frio assassino do serviço secreto britânico, promete vingança ao irmão internado em virtude de um coma que o deixou paralítico (aleijado, nas palavras de Shaw) graças à equipe de Don e Brian, que, no filme anterior causaram em Londres e levaram à essa tragédia, o que despertou a fúria em Deckard. Aptos da crueldade e sede por represália do vilão, o grupo se reúne para detoná-lo, e ao mesmo tempo destruir uma rede hacker poderosa.

Dirigido por James Wan (diretor de recentes sucessos tanto de público quanto de crítica do terror, citando Invocação do Mal e Jogos Mortais como seus principais trabalhos), a revelação do filme, e que certamente fará um grande sucesso caso continue trabalhando com filmes do mesmo estilo, Velozes e Furiosos 7 arrecadou uma grande quantia de dinheiro este ano chegando ao recorde de 1 bilhão de dólares, ficando entre as dez maiores bilheterias de todos os tempos (segundo dados do Box Office Mojo), e eu não vejo nada de estranho ou injusto em tal conquista, até merecida para o longa, que é com certeza uma das melhores produções de ação deste ano. Cada segmento melhor que o outro, tanto na questão de ser elétrico quanto tecnicamente imbatível. Os trinta minutos que antecedem o fim são de matar. Quase que literalmente. Já estava vendo a hora em que uma daquelas máquinas pularia para fora da tela e partiria meu corpo em dois, ou uma daquelas armas plantaria na minha cabeça um gigante buraco e sangue espalhasse pra todo canto.

James Wan está de bom tamanho, mas creio que um Quentin Tarantino cairia muito bem dirigindo as cenas de ação do filme. É claro, há uma certa diferença entre James Wan (que certamente foi pressionado ao máximo pela Universal para não exagerar nas sequências e poupar o público "tradicional" de sangrentas carnificinas) e Quentin Tarantino (que começaria o filme com o Jason Statham com uma katana na mão já arrancando a cabeça de quem viesse a obstruir sua passagem). Isso resume bem a minha decepção quanto a Velozes e Furiosos 7: é uma produção estritamente comercial, algo que o afasta da criatividade. A ausência de flexibilidade é atalho fácil para uma porção de falhas e clichês, mesmo que minimizados à medida em que somos expostos à fatal ação, surpreendentemente nem tão superficial quanto tal predileção lhe orientaria.

Há um enorme esforço, vindo do talentoso elenco e da produção técnica fortíssima, que contribuem para a expansão de Velozes e Furiosos 7, e também para a sua demolidora ação, onipresente e o maior mérito da película. Não reconhecer a estremecedora cifra de horizontes que vão carregando a trama nas costas, com a potência do roteiro (escrito por Chris Morgan) e a direção-descoberta do James Wan, é no mínimo falta de consideração com esse filme que merece atenção, por que trata-se (finalmente) de um paradigmal modelo de competência do gênero e da série, que acabou de fabricar a sua magnum opus.

Velozes e Furiosos (Furious 7 / Fast and Furious 7)
dir. James Wan - 

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