segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SEGURA A ONDA / 4ª Temporada


Eu era fanático por televisão bem antes de chegar e amadurecer na cinefilia, tanto que não faz cinco ou quatro anos, eu era viciado em TV americana, tendo particularmente desenvolvido esse apreço através do meu irmão mais velho, que é um grande TV buff, sendo A Teoria do Big Bang seu programa favorito. Há uma série de fatores que levaram à degradação dessa minha obsessão por TV, que hoje em dia não é mais uma obsessão propriamente dita quanto era alguns anos atrás. Diria que é mais como um hobbie, até porque hoje em dia a televisão, muito especialmente a brasileira, virou o palco do clichê e falta de originalidade. Sem contar que já é difícil pra mim acompanhar seriados e outros programas, como por exemplo a recente temporada do MasterChef, seguindo seu calendário. Só de uns tempos pra cá foi que eu voltei a me acostumar com a agenda televisiva. Acontece que a HBO Signature começou a exibir, não faz muito tempo, a série americana Segura a Onda, cujas duas primeiras temporadas perdi por desinformação. 

O programa, que está há quinze anos no ar (ainda que sua mais recente temporada tenha sido exibida em 2011), é protagonizado pelo comediante Larry David, coadjuvante de Seinfeld e que teve poucos títulos no cinema. Este trabalho, que reviveu a carreira de Larry, lhe rendeu inúmeros prêmios, entre eles o Globo de Ouro, e várias indicações ao Emmy (só pra constar, da 2ª temporada até a 8ª, a série foi indicada, em todos os anos entre esse intervalo, ao Emmy de Melhor Série de Comédia, com, injustamente, nenhuma vitória adentro essas nomeações), que no total somam 39. Inicialmente arquitetado com um especial, o contrato de Larry David foi prolongado e então deu-se a criação de Segura a Onda, que é uma comédia de humor negro que analisa cruamente a ética moral da sociedade americana, bem como seus limites e suas implicações, tendo um panorama crítico focado no tradicionalismo e no próprio diário de um azarento Larry David, visto como um cara insensivelmente irritante, pedante e desajeitado que sempre se mete em confusões. Apesar do mínimo resquício de pena que sentimos pelo personagem, dá uma forte sensação de que ele é ao mesmo tempo culpado, digamos, pelas poucas e boas que lhe são reservadas. 

Da terceira temporada, comecei vendo "Krazee-Eyez Killa", que é possivelmente um dos melhores episódios não só dessa temporada, já que os dois episódios que sucedem este ("Mary, Joseph, and Larry" e "The Grand Opening") são igualmente primorosos. "Krazee-Eyez Killa" narra a amizade íntima de Larry e um rapper, que dá título a esse episódio, que é o noivo da Wanda Sykes, amiga da esposa de Cheryl, a esposa do Larry, e que acaba resultando num contraste de situações miraculosamente bem boladas e engraçadíssimas. O último episódio, que tem Larry assumindo o comando de um restaurante, e esmagando os dedos de um crítico de culinária (o que achei fantasticamente criativo e cômico) é esplêndido. A 4ª temporada começa com Larry recebendo a proposta do Mel Brooks para fazer o papel principal de Max Bialystock na adaptação musical do clássico cinematográfico  Os Produtores. É um episódio muito interessante, mas que tem sua importância reduzida quando posto ao lado dos outros episódios que o seguem. 

O seguinte, "Ben Birthday's Party", que denota ainda mais a participação de Ben Stiller, convidado nesta temporada, merece destaque. Já indica certo afastamento entre Larry e Ben, cotados para fazerem os papéis principais de Leo e Max, rivais. E também entra para a coleção das mancadas mais hilárias do David, com ele quase cegando o Ben Stiller na própria festa de aniversário dele, com um espetinho. Em "The Blind Date", Larry estampa uma grave crítica à América, em pleno pós 11 de setembro, com o comediante tomado por uma vontade incessante de urinar, bem enquanto dirige. Ele desce do carro e passa a bater em portas, sendo rejeitado por todo mundo. Quando ele bate na porta de uma muçulmana, ela atende. Severo. Não achei muita graça de "The Weatherman", embora a cena do jantar seja uma pérola dessa temporada. E nem do próximo, "The 5 Wood". 

"The Car Pool Lane", onde Larry vai à um jogo de baseball com uma prostituta, é bem especial e exoticamente cômico, tanto pela participação da atriz Kym Whitley quanto pela sua estrutura natural e que reflete as condições da série quanto ao humor mega extrapolado e divertido. Soube mais tarde que também é considerado o episódio mais contestado da série, isso sem qualquer envolvimento do Curb Your Enthusiasm. Na gravação dele num estádio em Los Angeles, na platéia foi filmado um dos suspeitos de ter cometido um assassinato. O corpo da pessoa encontrava-se a poucos metros do local. Houve uma grande repercussão.

Porém, creio que nenhum deles supera o último, que tem quase uma hora de duração, "Opening Night", no qual Larry David vai à Nova York para apresentar o musical. Embora não seja tão engraçado quanto muitos outros, é o melhor e vale pelas várias reviravoltas em torno de sua trama. Vale aplaudir as performances do próprio David, excepcional a cada episódio, com seu personagem à la Woody Allen, Cheryl Hines, Wanda Sykes (que faz uma pequena participação na 4ª temporada em "The Surrogate", outro episódio maravilhoso), Susan Essman, entre várias outras celebridades que passam de fininho pelas temporadas, como Ted Danson, David Schwimmer, Jerry Seinfeld, Cady Huffman, e por aí vai. E que cara competente é o Larry David. Puxa vida. Que humorista!

4ª TEMPORADA: 
MELHOR EPISÓDIO: Opening Night (E10) - 
MENÇÃO HONROSA: The Car Pool Lane (E6) - 

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