Faltou pouco para Tim transformar essa belíssima adaptação do clássico conto de Washington Irving numa perfeita obra-prima. Pouco mesmo. Mas o que temos aqui não é nada mal. Apenas esperava um pouquinho mais. Impactou, mas eu sinto que lá no fundo esse filme do Burton poderia ter sido melhor no que diz respeito à horror. As performances são ótimas. O Johnny digo a mesma coisa, já que também acho que o Ichabody Crane dele poderia ter sido um pouco melhor. De tudo, o que agrada em A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça é a atenção incrível com os detalhes de Tim Burton, que tanto dão ênfase à sua talentosa direção, e a obscuridade assustadora que instala-se por todo o filme. Nisso, há um pouco de sucesso.
Há muito filme cuja temática é voltada para "A Lenda de Sleepy Hollow", conto de Irving. Vi poucas, mas há várias. Esta de Burton com certeza é um inevitável destaque devido à sua extensa qualidade. São muitas as razões. Há uma animação - um curta - bem antigo da Disney que reconta esse lenda, e é de fato interessante, só que o final é diferente. Bem, nunca li o conto, então nada posso dizer. Apenas falo que cada filme baseado nessa certa história possui uma perspectiva, ou detalhação, diferente. Mas, num clima de suspense bem feito e inteligente, Burton assume a versão cinematográfica mais compreensível. Tudo graças ao roteiro de Andrew Kevin Walker, o mesmo de Seven, que possui uma incrível estrutura.
Nova York, 1799. Às vésperas da virada do século, um detetive da polícia, chamado Ichabody Crane, é enviado à uma cidadezinha do interior de origem holandesa chamada Sleepy Hollow, onde terá que solucionar um assassinato em série. Chegando lá, o caso começa a ter diversas complicações quando os moradores passam a favorecer uma versão de que um certo "cavaleiro fantasma sem cabeça" estaria matando compulsivamente essas pessoas. Iniciadas as investigações baseadas nessas narrações locais, Ichabody se surpreende quando vê que a direção apontada pela população é a de fato correta, e vai codificando os crimes que cada vez mais vão chegando num tremendo resultado.
Muitos tem a chance de serem supervisionados por Spielberg na preparação de seus filmes, uma incrível sorte. Mais sorte ainda teve Tim Burton, que uma vez na vida teve seu filme produzido e supervisionado por Francis Ford Coppola. Porém, tal supervisão parece ter tido efeitos bem intensos à Burton. Não é à toa que muitas cenas de A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça remetam à Drácula de Bram Stoker, principalmente o início.
A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça ainda conta com uma direção de arte (vencedora do Oscar, apenas para lembrar) fervorosamente meticulosa e dimensionada, sem nisso falar da fotografia exímia de Emmanuel Lubezki, mais uma das várias provas da autenticidade e da maestria do mexicano, que só sempre tem a nos mostrar os melhores shots, e a quem tão veemente agradeço por este longa.
Os figurinos de Colleen Atwood, o de sempre: maravilhosamente arquitetados, com o luxo bem entonado, e a mão para fazer os melhores figurinos. Colaboradora frequente de Tim (o que até talvez não seja tão desconhecido, afinal ela foi quem assumiu a autoria dos mais belos e competentes figurinos feitos na filmografia dele, como os de Alice no País das Maravilhas, Sweeney Todd, Big Fish, O Planeta dos Macacos, entre outros...). Danny Elfman, como sempre, muito afinado para a composição da trilha sonora, e suas memoráveis e enternecedoras canções instrumentais tocando como fundos ora suaves ora profundos para os cenários dos filmes de Tim voltam com força neste aqui.
A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (Sleepy Hollow)
dir. Tim Burton - ★★★
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