Comparado ao sucesso Sobrenatural, de James Wan (diretor de Jogos Mortais e Invocação do Mal, todos os três filmes notáveis exemplos da qualidade do terror contemporâneo), Sobrenatural: A Origem trata-se de um filme bem menor. Sucedendo Sobrenatural: Capítulo 2, este A Origem, se em algumas - poucas - partes até consegue assustar, pelo outro lado é um fraco segmento sem graça, muito patético e confuso. Sem o controle de Wan, A Origem cria todo um suspense pra nada, e ainda faz o público acreditar naquele suspense até o final, que termina bem irresolvido. E esse não é o maior problema. O fracasso desse filme centra-se no inexperiente diretor Leigh Whannell (em sua terrível estreia cinematográfica) que já tinha atuado nos dois longas anteriores de Sobrenatural. Com certeza colocá-lo para dirigir esse importante capítulo da atual trilogia foi uma escolha erradíssima.
Neste filme, Quinn Brenner, uma adolescente, vai até a casa de Elise para consultar-se com ela no fim de conseguir notícias da falecida mãe. Tal consulta é o ponto de início de uma série de desventuras e assombrações que passam a perturbar a jovem Quinn, enlouquecida com um bizarro espírito que assombra seu quarto. E o que inicialmente começa como uma transbordante proposta termina bem meia-boca e fútil. Clichês estragam todo o clima logo nos momentos mais arriscados da trama, lá para a meia hora, quarenta minutos. Esse Whannell não ajuda em nada, com uma escalação de atores bem pobres (que diabos de atriz é essa Stefanie Scott, que não sabe atuar em porra nenhuma? - perdoem a minha expressão -), se bem que a Lin Shaye não está nada mal, de novo, no papel da vidente Elise.
Nos transes da vidente, o que mais agrada aos olhos é a fotografia, sem dúvida estonteante, de Brian Pearson. Se bem que eu acho que ela poderia ser mais caprichada. À exceção das cenas onde Elise se comunica com os espíritos, a fotografia é bem monótona e repete demais fórmulas inevitavelmente entendiando o espectador. A Origem abusa de truques já conhecidos ao espectador, e o erro não está apenas nessa sentença. O grande problema é que A Origem passa a reutilizar os truques anteriormente usados, o que faz com que o filme transpareça demais maçante e perca o gosto. A Origem erra por bobagem.
Afinal, que é esse Whannell também, hein? Que raios ele foi fazer na droga da direção desse filme? Certo que ele já trabalhou com Wan em outros filmes além deste, e pode ser bem possível Wan ter deixado a direção deste longa em suas mãos depois que foi selecionado para dirigir Velozes e Furiosos 7 neste ano. Mas que diretor ruim esse! Colocasse até a Shaye pra dirigir, mas esse? Puxa, foi um tremendo erro. E não bastava colocar esse demente para dirigir o filme. Ainda tinha que deixar a droga do roteiro nas mãos dele! Bem, o resultado é evidente: uma trama descomprometida, sem freio, à beça depreciativa e chatíssima. Apenas peço para nunca mais ter que topar com um filme dirigido por esse Leigh aí. Se bem que a surpresa é o fracasso do roteiro, por que ele tem bons títulos como roteirista, que incluem os dois primeiros filmes de Sobrenatural e Jogos Mortais. Será que a inexperiência na direção foi a chave do total desnorteamento da direção e roteiro?
Até agora estou um pouco tonto. Será que só eu que não achei um pingo de graça em A Origem? Até o meio do filme, tudo legal no quesito terror, mas a repetição dos truques enjoa. Para o pequeno público que estava sentado à minha frente não parecia não. Dava pra ouvir os sussurros: "Socorro!", "Ai meu Deus!" e tal. Tinha um homem lá na frente (não sei como ele ouvia) que deu um "shiu!" e todo mundo parou. Mas achei estranho essa animação daquele grupinho. Enfim, só sei que nos momentos finais deu uma tremenda vontade de urinar e eu só faltava sair da sala, mas como eu sou muito neurótico com essa coisa de perder cenas e falas e faltava menos de dez minutos para o fim do troço, fiquei. Esperava mais, pelo menos, do final. Não sei por que lembrei de Arraste-me para o Inferno, outro grande terror atual. Enfim, lembrei e criei expectativa (o motivo igualmente desconheço) de ver um final parecido com o final lá do filme do Raimi. E me decepcionei pra caramba. Enfim, não gostei não. Poderia ser bem melhor do que foi. Elenco shit, direção e roteiro pouco valorizados, uma fotografia mediana - salva pelas cenas das paranoias de Elise - e uma protagonista tão ruim que dói.
Sobrenatural: A Origem (Insidious: Chapter 3)
dir. Leigh Whannell - ★★
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