segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Crítica: "A HORA DO PESADELO" (1984) - ★★★★★


Nos deixou ontem aquele que é o definitivo mestre do terror moderno, Wes Craven. Em homenagem à ele e em recordação de seu extenso legado, vejo A Hora do Pesadelo, considerado por muitos seu melhor filme e um clássico do gênero que tanto o diretor trabalhou e revolucionou. Não tendo visto a completa filmografia do diretor, não posso discordar de nada em que A Hora do Pesadelo é um de seus melhores filmes. Tenho uma colega que idolatra muito esse filme e na escola fez um trabalho sobre ele. Na época que ela o fez, não tinha visto o filme. Fui ver pela primeira vez na TV, há uns dois anos atrás, e se eu não me engano passou no Corujão, na alta madrugada. Cagar nas calças é pouco.

A Hora do Pesadelo começa como quem não quer nada, bem manso. A primeira cena mesmo não chega a ser tão terror. O pior (melhor) segue ela. Mesmo com o notável baixo orçamento, o terror não morre. E isso é o que vale em A Hora do Pesadelo. Afinal, essa é a proposta de Wes. Caso contrário, provavelmente não funcionaria. Mas o que importa é que funciona. A pseudo-fábula de Wes que ganha um final controverso mas auto-explicativo ao mesmo tempo só tem a ganhar. Seu irrealismo faz uma perfeita conexão com a chamada “ciência dos sonhos” abordada num dos diálogos de Nancy com o namorado, feito pelo iniciante Johnny Depp, ainda adolescente. A narrativa é eficiente, e mesmo que não faça sentido para alguns é inegavelmente horripilante.

Não é só o Johnny, mas A Hora do Pesadelo, bem no fundo, me lembra Edward Mãos-de-Tesoura, que eu particularmente gosto bastante. A popularidade de ambos os filmes assim como também são de uma ótima qualidade levam à tal comparação. Embora não possuam o mesmo gênero, se passam no mesmo espaço, o subúrbio. Tem o Depp. Enfim, não pude deixar de lembrar por algum motivo. Caso comparado com o mágico Edward, A Hora do Pesadelo nesse quesito sai perdendo. A magia confortante e quase lúdica da grande obra de Tim Burton é incomparável ao eletrizante terror que reina nesta outra grande obra, desta vez do finado Wes Craven.

Poucos filmes que eu vi, creio eu, foram capazes de produzir e visar o mesmo impacto de A Hora do Pesadelo. Pode parecer exagero, mas o clima desconcertante do filme é de uma profundeza tão absoluta, mesmo que às vezes soe demais superestimada, que somos meio que obrigados a acompanhar a frenesi que o dirige em sintonia com seu explícito horror até os momentos finais. Em todo caso, é uma obra genial. Vale lembrar que esse clima vem acompanhado da maravilhosa e tenebrosa trilha sonora de Charles Bernstein.

Chega a um momento em que um simples estalar que não está nem mesmo conectado ao clima fornecido pelo movimento da trama já faz você vibrar. E é desse tipo de filme que eu gosto. (alerta de spoiler) O final de A Hora do Pesadelo serviu de influência ao final de outros filmes. Em Arraste-me para o Inferno, o final foi adaptado, mas a clareza dos elementos não deixou dúvidas.  Há outros mais filmes que seguem a mesma técnica de A Hora do Pesadelo, e quando um filme ganha tanto reconhecimento e crédito por sua qualidade vale sim chamá-lo de clássico. Há filmes que não passam de dez anos e já são considerados por muitos os melhores já feitos (me inclua nessa lista de “muitos”). Filme não tem idade, e enquanto não deixarem de criar falsos estereótipos sobre clássicos essa verdade ficará restrita. Há clássicos atuais e clássicos antigos e ponto final.

O espírito trash de A Hora do Pesadelo vira um charme adicional e me deixou bastante comovido. É um filme sem dúvida alguma excelente, um dos melhores terrores já feitos. Vale ser visto e revisto. Foi muito popular no mundo inteiro em sua estreia, e as gerações dos anos 80-90, que acompanharam a franquia, mas nos últimos tempos veio perdendo a força. Dessa forma, a nova geração que chega desconhece a existência do Freddie Krueger, e com certeza perde uma das experiências mais assustadoras de suas vidas. Uma lástima. E a invejável genialidade de Wes Craven. Sentiremos saudades deste que é um autêntico mestre e merece dignamente tal posição. Obrigado Wes por ter originado e então nos dado este que é um verdadeiro exemplo de como se faz um bom e apavorante filme de terror. 

A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street)
dir. Wes Craven - 

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