domingo, 9 de agosto de 2015

Crítica: "TODA FORMA DE AMOR" (2010) - ★★★


Em virtude deste feriado de Dia dos Pais, decidi ver Toda Forma de Amor, comédia dramática que bem suavemente explora uma relação de pai e filho. De qualquer forma, mesmo tendo achado o filme baita romântico e poético em todos os sentidos, achei que ele poderia ter me surpreendido mais, e isso inclui Christopher Plummer, cuja tão comentada e premiada performance me levou a ver e procurar ansiosamente por esse filme. Plummer, no fim, termina como qualquer outro membro do elenco. Sua performance pode até ser bem enquadrada e muito sensível, mas, do lado da simpatia de Mélanie Laurent e sua exímia atuação, quem vence é a bela francesa, em minha opinião. Christopher, mesmo tendo recebido um Oscar e tal, fica à deriva. Seu Oscar de Ator Coadjuvante está mais para um Oscar Honorário do que competitivo. 

Mike Mills, diretor americano de comerciais e menos famosamente clipes musicais, teve, antes de Toda Forma de Amor, algumas pequenas aventuras no cinema. Há quem diga que Mike revela neste filme um talento especial para filmes, e que não deveria ser desperdiçado em menores produções como clipes e afins. De fato, ele é um bom diretor, mas até em Toda Forma de Amor seu talento, acredito eu, está um pouco escondido, evitado. Por que não pouco ampliado? Toda Forma de Amor possui passagens ótimas, e bem ricas, mas seu diretor poderia sim ter tido algo maior do que o que teve. Toda Forma de Amor é um filme muito pequeno para Mike Mills.

A história comprimida, que não toma rumo, não avança nem regressa, de Toda Forma de Amor pode levar o espectador ao delírio, mas se por um lado isso compromete a tensão dramática da trama, trata-se de um reservado caminho para uma melhor resolução dos elementos existentes aqui. Somos introduzidos à Oliver, um (aparentemente) desenhista cujo pai gay acabara de falecer em decorrer de um câncer. O solitário Oliver, convidado pelos amigos para ir a uma festa à fantasia, nela conhece uma adorável e carismática mulher, Anna, uma atriz, que não possui moradia fixa e vive viajando. Os dois, se conhecendo, tornam-se namorados, mas logo veem que amar não é tão fácil quanto se parecia, e a relação deles vai contornando alguns pequenos problemas.

De longa uma comédia, mas de perto um drama delicado, Toda Forma de Amor, por não saber no quê arriscar, joga tudo o que tem no sentimentalismo e cai na mesmice inconsolável. Pelo padrão adquirido pela narrativa, o longa ganha proporções de um confessionário reflexivo, ou uma investigação pessoal da nossa identidade no mundo, que, convenhamos, é um assunto pra lá de antigo e bem batido. Mas, afinal, o que faz de Toda Forma de Amor um filme anti-aleatório, e propriamente convencional? Certamente não é a performance de Christopher Plummer, mas sim a força que a história ganha com o passar do tempo. Pode parecer bem confuso, mas, na sua monotonia invariável, o filme vai somando pontos e não só deixa de ser "mais um drama auto-subestimado", e vai mostrando no que é bom. A graça de Toda Forma de Amor está concentrada no ritmo das emoções construídas ao longo da narrativa. E isso cativa demais. Há quem se identifique com Toda Forma de Amor. Há quem se emocione. Eu, além de ter tido pouco de cada uma dessas coisas, apreciei a inovativa derivação de eventos que acomete esse bonito drama, que tem muitos erros, mas mostra que assim a vida é. Muitas vezes confusa e controversa, no sentido emocional.

Toda Forma de Amor (Beginners)
dir. Mike Mills - 

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