Nunca tive o menor interesse em ver este Magic Mike, falado filme de Steven Soderbergh que fez fama lá em 2012 entre a mulherada e os homossexuais devido à apresentação fervorosamente explícita de strippers em trabalho, além de ser o mesmo filme responsável bela boa parte do sucesso astronômico de Channing Tatum, hoje moderno sex symbol. Disso eu não posso discordar em nada: Magic Mike trata-se de um projeto mais tentador, provocador e sensual destino ao público feminino e homossexual muito devidamente pelas cenas de semi-nudez e nudez estreladas pelo elenco masculino do filme, em especial Channing. Talvez não só por isso. Caindo na real, falar que esse filme é para mulheres e gays até pode soar preconceituoso, mas o próprio Magic Mike conspira para essa acusação. A história com um clima bem romântico e pop convém agradar mais a esse estilo de público, sem preconceito ou nada do tipo. É a mais pura verdade.
Bem, como eu dizia, ver Magic Mike estava completamente fora de cogitação, até que é lançado em nosso circuito sua sequência, Magic Mike XXL e, interessado em ver este último procuro sua origem para ver, e ter uma básica noção do que se trata. E até que não é tão ruim para o que eu esperava. O problema de Magic Mike é que ele é muito repetitivo. A criatividade da coreografia e a intensidade dos tresloucados personagens não bate com a fraqueza da narração, que aborrece o espectador. Inexplicavelmente, o que realmente agita e nos impulsiona em Magic Mike é seu constante espírito de tensão e adrenalina. Mas a história fica em off. Não parece que há algo para dizer em Magic Mike.
A história, que acompanha Mike Lane, um construtor e empreendedor que trabalha como stripper há seis anos para economizar dinheiro a fim de conseguir montar seu próprio negócio que acaba se tornando amigo de um colega da construção e o levando para trabalhar no clube de strip, é desnorteada e suas perspectivas escapam fugazmente do olhar do público. A complicação de Magic Mike está centrada nesse vai-e-vem clichê. E por um lado se a história clicherizada de Magic Mike nos soe demais enjoativa e pouco interativa, a visão de Soderbergh por cima da vida desses garotos é extraordinária. Quebrando o preconceito muito comunalmente existente sobre os strippers, o roteiro, através da sensível jornada do Magic Mike, procura nos apresentar um conteúdo diferente dos preconceitos irrelevantes da sociedade.
O próprio Channing Tatum, que aos 18 anos tornou-se stripper em Tampa, na Flórida (o mesmo local onde esse filme se passa), disse que a história de Magic Mike é baseada nessa sua experiência, algo que instantaneamente me fez lembrar de Diablo Cody (quem se lembra dela?), a roteirista vencedora do Oscar de Juno, e que era stripper (Diablo Cody era seu nome de stripper - Jon Stewart, introduzindo o Oscar 2008, fez uma piada sobre esse nome de stripper com algo que dizia, se eu não me engano, que a cultura existente entre as strippers era de se nomearem com o apelido de seus cachorros -), e faz bastante sucesso não só no cinema (Jovens Adultos é outro grande trabalho de texto de Cody) como também na TV, tendo ela escrito e criado o seriado O Mundo de Tara, que deu o Emmy de Melhor Atriz a Toni Collette, e que foi produzido por Steven Spielberg.
Mas o elenco é bom. No que diz respeito a performances, Magic Mike é um lugar excelente. Isso não só enfatizando a performance de Tatum como o stripper Mike - a mais comentada -, mas a de Matthew McConaughey, cujo trabalho merece meus parabéns. Todos os atores num esforço tremendo para encarnar com vontade, delírio e talento os personagens que enfeitam e movem a trama. O elenco de Magic Mike é - literalmente - all right! Magic Mike talvez satisfaça com cenas eletrizantes e cheias de sensualidade, mas não consegue prender nossa atenção por muito tempo. Quando a história ganha rumos mais atribulados e movediços, o roteiro não sobrevive e explode em massa, partindo para todos os lados, e destruindo a chance de Magic Mike de poder tornar-se um grande filme. Mas o elenco é all right, pelo menos.
Magic Mike
dir. Steven Soderbergh - ★★
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