quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Crítica: "O QUARTO DE JACK" (2015) - ★★★


Sexto filme dirigido pelo irlandês Lenny Abrahamson, quem conheci com o imperfeito Frank ano passado, O Quarto de Jack parece ser a enfim guinada do cineasta admiravelmente promissor rumo ao sucesso e ao reconhecimento em Hollywood. E, ainda que não seja lá um grande filme, O Quarto de Jack impressiona e chama a atenção pela participação de dois incrivelmente talentosos protagonistas, Brie Larson e Jacob Tremblay, encarnando no drama mãe e filho confinados em um cativeiro, construindo uma convivência apertada e complicada em função das condições. A criança passa seus dias sem qualquer contato com o mundo lá fora, além do "quarto", tendo como protetora, professora e guia a mãe, que vive cansada tendo de servir às exigências de um maníaco que a usa como brinquedo sexual, diariamente.

Talvez o filme não tenha me impactado tanto porque não correspondeu às minhas expectativas quanto a ele. E não que ele seja um filme ruim por conta disso. Sim, é de fato um trabalho exímio como tantos tem dito por aí, mas só não me impressionou demais. E, nisso, deve-se levar em conta que eu não li o romance da Emma Donoghue (também roteirista do filme, surpreendentemente).

Mas, de qualquer forma, é um filme emocionante. Deixa a desejar por muito, mas é agradável de se ver. Tem ritmo e força, e uma história muito bonita e prazerosa de se acompanhar, ainda que por muitas vezes incompleta e superficial sobre si mesma.

A tal Brie Larson não é sozinha e inteiramente protagonista de O Quarto de Jack. É certo que a presença dela é indispensável quão marcante aqui, mas é o jovem Jacob Tremblay que carrega o filme, com uma enorme delicadeza e intensidade. E, nisso, vem um problema de O Quarto de Jack: apesar de assumir a visão da criança (o personagem de Jacob) como o norte da narrativa, o roteiro frequentemente sai desse campo para vaguear em torno da percepção de outros dentro da história e não se mostra totalmente fiel a esse princípio, mesmo com certos elementos e provas dessa natureza ingênua à vista, o que proporciona diversos desencontros e complicações no contorno da trama e na própria entonação do filme. Isso discretamente vai amargando a emoção e o impacto em O Quarto de Jack. Isso não poderia ser tão grave. A dose (no entanto) é suficiente.

Não estou de jeito algum reclamando do menininho e da performance dele, e tal. Sinceramente, é impossível e ridículo reclamar da performance. Mas estou falando de como o filme é bagunçado na organização da sua premissa. Não se trata de imaturidade, mas sim de um certo amadorismo. E isso não é maléfico, mas não se enquadra às noções básicas de O Quarto de Jack. A história poderia ser arquitetada de maneira melhor, com mais criatividade.

Também não gostei nem um pouco do final adiantado. Tenta-se justificar, na segunda parte, o porque desse final adiantado, mas essa "explicação" mostra-se passageira demais e não corresponde ao materialismo do clímax da primeira parte, a melhor. De qualquer jeito, o que melhora em muito O Quarto de Jack quanto à qualidade é o registro sensacional e que oculta qualquer defeito dos empenhados Jacob e Brie, dupla excepcional, principais desse filme lindíssimo.

O amor vence qualquer obstáculo, qualquer defeito, qualquer problema. A figura materna da Joy Newsome representa o poder e a profundidade do zelo de uma mãe, enfrentando os emblemas de um mundo doente pra manter o filho vivo e saudável, pra garantir a sua alegria e o seu bem-estar. Indescritivelmente bonito. O Quarto de Jack é um filme importante, isso sem dúvidas. Outra coisa: que esquisito o Globo de Ouro ter dado os prêmios de Melhor Atriz Protagonista em comédia e drama esse ano a duas personagens chamadas Joy. Será uma conspiração?

O Quarto de Jack (Room)
dir. Lenny Abrahamson - 

Um comentário:

  1. Eu gosto muito de Jacob Tremblay. Ele é um ator incrível. O papel que realizo em a Refém Do Medo é uma das suas melhores atuações, a forma em que vão metendo os personagens e contando suas historias é única. Na minha opinião, este foi um dos mehores filmes terror que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Jacob Tremblay esta impecável. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções.

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