Perdi a conta das vezes que vi O Curioso Caso de Benjamin Button. A última vez à exceção desta aqui, pelo que me lembro, foi ano passado, há mais de um ano. Não conseguia dormir, e liguei a TV às 3hs da madrugada, e, para a minha sorte, coloquei num canal e descobri que estava passando (e não, esse canal não era o SBT), mas estava bem próximo do final, faltando cinquenta minutos. E, não importa a quantidade de vezes que você o veja, O Curioso Caso de Benjamin Button é um daqueles filmes simplesmente inesquecíveis, que (quão irônico) não envelhecem sob nenhum pretexto. E, não importa novamente quantas vezes você o vê, se é o início ou se é o final, trata-se de um filme belíssimo. Não só a sua história é muito sensível e bela como também seus aspectos visuais deslumbrantes, efeitos da fotografia brilhante de Claudio Miranda (o mesmo de As Aventuras de Pi).
É um filme tremendamente bom. Perdendo apenas para Seven - Os Sete Crimes Capitais e Clube da Luta, é definitivamente o melhor trabalho de David Fincher. Esmerado expert no suspense, Fincher sai da sona de conforto dirigindo o primeiro não-suspense de sua filmografia preenchida pelo gênero e realiza um mérito indubitavelmente espetacular em Benjamin Button, um épico desolador e emocionante que eletriza contando uma história inicialmente simples, mas cujas raízes vão se aprofundando e envolvem o espectador numa trama complexa, realista e, por que não mágica? Originado de um pequeno conto feito por F. Scott Fitzgerald, gênio da literatura, e aqui amplificado numa história que transcende gerações e especialmente tempo, o roteiro excepcional de Eric Roth (sim, aquele lá de Forrest Gump) faz toda a diferença, e encerra como um guia essencial na construção da jornada de Button. Se bem que tal missão deve ter sido muito "fácil", repito: entre aspas, à ele, já que as místicas e lendárias aventuras de Benjamin mesmo podem, em algum canto, encaixarem-se com as aventuras tresloucadas de Forrest.
Mas essa revisão não só aqueceu meu coração como também me fez lembrar da importância da valorização do tempo, e como nós estamos preocupados com essa enfadonha questão de envelhecimento, que por muito tempo nos assombrará, tanto quanto assombrou a Button por toda a sua vida. Não trata-se de um filme que ensina uma lição, ou que serve de exemplo à pessoas que vivem se matando justo por essa questão. Está longe disso. Bem de perto, Benjamin Button é uma reflexão muito intensa sobre a conturbada relação entre vida e tempo, e como nós, humanos, dependemos dessa relação para absolutamente tudo, e que quaisquer mudança entre um e outro pode influenciar incidentes, como o caso de Button. Se bem que lá no início a história e seus caminhos fazem um breve apelo moral à guerra.
A história é bem conhecida. Uma senhora no leito de morte pede a filha ler um diário, enquanto ela agonia na cama, às vésperas de um furacão que irá atingir a Nova Orleans. Antes de iniciada a leitura desse diário, a velhinha conta à filha a história de um relojoeiro cego cujo filho morreu na 1ª guerra e, uma vez encomendado de fazer um grande relógio para a estação da cidade, fez com que ele girasse ao contrário, para que "talvez os jovens que tivessem ido à guerra pudessem voltar um dia". No dia do fim da guerra, a mulher de um fabricador de botões falece após dar à luz a uma criança defeituosa, que possui uma aparência muito idosa. Desesperado após ver a catastrófica face do bebê, o pai, naquela mesma noite, o larga à beira de uma casa. Ali, o bebê é acolhido por uma mulher negra, que não consegue engravidar. Mesmo com as imperfeições e tudo o mais, a mulher cuida da criança até a sua juventude. Até que tudo muda no dia em que Benjamin conhece Daisy, seu primeiro amor - o amor de sua vida -. Entre umas e outras, os seus caminhos se dispersam com o passar do tempo: Benjamin passa a trabalhar num barco rebocador, o Chelsea, e Daisy vai para Nova York, com o objetivo de se tornar uma bailarina. Mas o destino, como sempre, os une.
Benjamin Button é, muito resumidamente, uma história sobre o destino, além de tudo. Tempo, vida, amor, velhice, espírito... e destino. E não poderia ter melhor filme para falar dele senão esta obra singular. Não só é agradável e muito, mas muito linda, algo que eu já falei mil vezes e não me cansarei tão cedo de repetir, que tem cara de fábula. Não é à toa, muitas vezes este próprio filme me soou um conto de fadas mais "adaptado". E, sem toda esse equipe talentosa, liderada por David, Benjamin Button provavelmente não teria o mesmo gosto. Brad Pitt, numa performance avassaladora, brinda-nos com um personagem enigmático e delicioso, que o título deste filme carrega. Sua atuação, até o momento a melhor, é eletrizante e bravíssima. Ele e esse elenco todo, que é divino. Falo de Taraji P. Henson como a mãe protetora e caridosa, Cate Blanchett como o amor invencível, Tilda Swinton como o primeiro deles, Jared Harris como o amigo corajoso que mais tem cara de Hemingway... Todos esses personagens e seus respectivos atores participam juntos do ciclo da vida de Button, do início ao fim... Entre risos e lágrimas, alegrias e tristezas, amor e ódio. A trilha sonora sempre tocante de Alexandre Desplat é autêntica e oferece um lento e dramático ritmo ao simbolismo dos planos. A direção de arte e os figurinos são ótimos - o primeiro tendo vencido um Oscar -. A maquiagem, certamente uma das melhores já feitas na história, merece destaque. Já falei da fotografia de Miranda, que é sensacional. E que venham mais revisões de Benjamin Button. Delicado, magnífico e primoroso.
O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button)
dir. David Fincher - ★★★★★
O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button)
dir. David Fincher - ★★★★★
Adorei a história desse filme, Taraji P. Henson, é um homem muito carismático e profissional, se entrega a cada um dos seus projetos. Em Proud Mary 2018 fez uma atuação maravilhosa, se vocês ainda não viram, perssonalmente considero um dos melhores filmes suspense 2018. O filme tem uma grande historia e acho que o papel que ele interpreta caiu como uma luva, sem dúvida vou ver este filme novamente.
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